Minério de ferro e aumento do IOF derrubam Ibovespa

Lecca
5 min readSep 20, 2021

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Sem más notícias de Brasília no fim de semana e com o cenário político momentaneamente apaziguado, a bolsa brasileira começou a semana com forte alta, recuperando parte das perdas da semana anterior. O clima externo também favoreceu o ganho de 1,82% do índice na segunda-feira (13).

Porém, na terça-feira, sem fatos positivos no cenário interno para sustentar uma alta, o Ibovespa seguiu o movimento de queda das bolsas estrangeiras, e uma série de fatores contribuiu para uma sequência de quedas do índice da bolsa brasileira até o final da semana.

No cenário interno, a falta de resolução de problemas relacionados às contas públicas, como o pagamento de precatórios, mantém a percepção de risco fiscal. No externo, a desaceleração da economia chinesa e a escalada regulatória promovida pelo governo inibem a demanda de algumas commodities, principalmente o minério de ferro, produto com grande participação de empresas exportadoras no Ibovespa, como, por exemplo, a Vale. Com isso, o índice sofreu forte impacto do desempenho negativo dessas ações.

Para piorar, o Governo Federal editou na quinta-feira (16) um decreto que aumenta a alíquota do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) até o fim do ano para poder financiar o programa social substituto do Bolsa Famíliaproposta mal recebida pelo mercado.

Especialistas avaliam que a nova arrecadação encarece o crédito e sinaliza um tom mais populista do governo, além de não apresentar solução para a situação fiscal, com o impasse dos precatórios.

Sendo assim, o Ibovespa fechou a semana com queda de -2,49%, cotado a 111.439 mil pontos, menor patamar em seis meses.

Com nova alta em julho, setor de Serviços atinge o maior nível em cinco anos

As informações são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgadas na terça-feira (14).

O setor de Serviços, que representa a maior parte da atividade econômica brasileira, teve sua quarta alta seguida em julho, de 1,1% em relação a junho.

Com o resultado, o setor acumula alta de 10,7% no ano, ficando 3,9% acima do patamar pré-pandemia e alcançando o maior volume desde março de 2016.

O crescimento veio de duas das cinco atividades pesquisadas: serviços prestados às famílias (3,8%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,6%). Segundo o gerente da Pesquisa, essas são as duas atividades de caráter presencial que sofreram as maiores perdas por conta da pandemia e que vêm se recuperando com o avanço da vacinação e da flexibilização de medidas restritivas.

Porém, as atividades presenciais ainda se encontram abaixo do patamar pré-pandemia, as não presenciais que mantém o setor acima deste patamar. Alguns motivos para isso são as restrições na oferta e falta de avanço do rendimento das famílias, além do nível elevado de desemprego.

Entretanto, as perspectivas dos economistas são de que, com o avanço da vacinação e a da reabertura, as atividades presenciais devem continuar liderando as altas do setor.

Governo Federal aumenta IOF para financiar novo Bolsa Família

Na quinta-feira (16), o Governo Federal editou um decreto que altera as alíquotas do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários.

A medida começa a valer a partir do dia 20 de setembro e deve vigorar até o final do ano, em 31 de dezembro.

A alíquota diária para pessoas jurídicas passará de 0,0041% (referente à alíquota anual de 1,50%) para 0,00559% (referente à alíquota anual de 2,04%); para pessoas físicas, a atual alíquota diária de 0,0082% (referente à alíquota anual de 3,0%) passa para 0,01118% (referente à alíquota anual de 4,08%).

Segundo o governo, a nova alíquota aumentará a arrecadação federal em R$ 2,14 bilhões e permitirá a ampliação do volume do Auxílio Brasil — novo programa social que substituirá o Bolsa Família.

Além disso, a medida viabilizará, em especial, os projetos de pesquisa, desenvolvimento e produção de vacinas contra o coronavírus em andamento na Fiocruz e no Instituto Butantã e permitirá a redução a zero da alíquota da Contribuição Social do Pis/Cofins incidente na importação sobre o milho, com potencial efeito de alívio nos custos de alimentos.

Outros destaques:

Prévia do PIB de julho surpreende positivamente
Depois do resultado decepcionante de -0,1% do PIB brasileiro no segundo trimestre divulgado pelo IBGE, a atividade econômica surpreendeu em julho. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve alta de 0,6% em relação a junho, superando as estimativas do mercado de 0,3% a 0,4%.

A surpresa positiva reforça a percepção de analistas de que o setor de Serviços é capaz de compensar o desempenho ruim da indústria e da Agropecuária. Porém, deixa em dúvida se esse movimento é sustentável, visto que algumas atividades do setor estão perdendo ritmo.

Inflação americana esfria, mas aumento de impostos preocupa mercados

Os investidores americanos estiveram mais uma vez atentos aos dados de inflação do país em busca de prever a direção da Política Monetária do FED (banco central americano). Desta vez, a surpresa foi positiva.

O Índice de Preços ao Consumidor de agosto, divulgado terça-feira (14) pelo Departamento de Trabalho Americano ficou em 0,3%, abaixo dos 0,4% esperados. O chamado núcleo do índice, que exclui componentes voláteis como Alimentação e Energia, subiu 0,1% em agosto.

O resultado endossa a tese fielmente defendida pelo presidente do FED, Jerome Powell, de que a inflação será temporária. Porém, economistas avaliam que é cedo para comemorar, e esperam que a autoridade monetária apresente um plano de retirada de estímulos em novembro.

O otimismo trazido pelo arrefecimento da inflação é contraposto pela situação da pandemia no país, afetado pela variante Delta, e por notícias do cenário político.

O partido do presidente, Joe Biden, apresentou um plano de mudanças tributárias para financiar seu programa de gastos sociais de U$ 3,5 trilhões. A proposta inclui aumento de impostos para os mais ricos e grandes empresas, elevando o principal imposto corporativo de 21% para 26,5%. O plano ainda contaria com redução tributária para famílias de classe média.

A proposta dos Democratas não agradou o mercado e ajudou os índices das bolsas americanas a fecharam em campo negativo na semana.

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